Tomando-nos a dianteira, o Instrutor estacou à frente de reduzida câmara estruturada em substância análoga ao vidro puro e transparente. Olhei-a, com atenção. Tratava-se dum gabinete cristalino...
André Luiz, Obreiros da vida eterna. Cap.3

Häxan: a feitiçaria através dos tempos

Häxan (Suécia/Dinamarca, 1922) Dir. Benjamin Christensen. Com Benjamin Christensen, Clara Pontoppidan, Oscar Stribolt, Astrid Holm e Maren Pedersen. 1h 44min.

Häxan documenta as perseguições movidas contra as feiticeiras numa Europa atravessada pela intolerância religiosa; o filme é narrado na primeira pessoa, como se o diretor desejasse demonstrar uma tese que, de fato, é assim enunciada: "A crença nos maus espíritos, feitiçaria e bruxaria é o resultado de ingênuas noções sobre o mistério do universo". Torturas, possessões, rituais de Sabá são aqui dramatizados numa narrativa de docudrama, ilustrando uma série de hipóteses científicas entre o nosso mundo moderno com o período da Inquisição.

Obra-prima do cinema fantástico. Realizado numa época que não havia censura. As cenas de sacrilégios e rituais de Sabá até hoje são impressionantes, graças à rigorosa e bem cuidada fotografia e uma direção competente do dinamarquês Benjamin Christensen. São visíveis as influências pictóricas de Jeronimus Bosch e Bruegel.

O virtuosismo de Häxan acabou influenciando outras obras-primas como o clássico de Carl Dreyer, A Paixão de Joana D'Arc. Esta edição especial traz além da versão original restaurada, a rara edição americana lançada em 1968 com narração do poeta beat William S. Burroughs.

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